“Nas névoas da alvorada,
A singela esposa aguarda,
O veraneio da espada
Com velas retocadas...
Esperava pelas manhãs
A esperança do marinheiro
Encontrar seu tesouro
Para seu cruzeiro
A maré escura
Os olhos ressacados
Avistam a longe
O esposo amado
A volta é traiçoeira
Doente ele ficara
Porém ele teria
Sua querida amada
No quarto mês do retorno
As gaivotas que cantavam
Sucumbiram num estrondo
A porta estava sendo batida
E um enorme choro
Uma criança, um bilhete
Um filho, uma traição
A esposa o tomou em mãos
E não a quis não!
Tremenda raiva que tinha
Sua sombra sobressaía
Seu esposo teria que partir
E o seu bebe... ela cuidaria?
Anos se passaram,
Seu marido não voltara,
As gaivotas cessaram
e bateram na sua porta
Uma mulher linda,
A flor mais bela
Carmesim era sua bochecha
E olhos de sereia....
Ela veio para a esposa
Desculpou-se pelo ocorrido
Queria ver seu filho
Um prometido sirenídeo
Pasma, desacreditada
Era a sensação da água
Acordando do pasmo
Seu sonho retratado...
Nada mais tinha,
Esposo e filho
A maré a convidara
Para um exílio
Seu salto foi cantado
Em plena lua completa
A canção de ninar
Era sua marcha
As águas frias
O último vislumbre
Uma lágrima de sereia
“seu marido está vivo”
Lamúrias nas noites
É a canção da agonia
A donzela da água
Assombra na procura
De seu amado.
E no fim seu amparo
É a música de um eterno bardo
Que carrega seu fardo
Em noites de agrado!”