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domingo, 25 de março de 2018

Doce Sombra da Eternidade



O inicio de uma manhã, assim como tantas outras em nosso ciclo de vida, mas que estava em débito em observar-la, a última vez que a primeira sombra vista do dia era aquela que se esconde no seu próprio pé: a do meio-dia.
Meus olhos desacostumados com o mundano hábito da claridade intensa no meu quarto e os ouvidos captando o galanteante cantar dos pardais e bem-ti-vis indicavam que diferentemente das ultimas semanas o dia podia trazer algo novo, e trouxe.

O café logo estava servido na mesa, pão, manteiga e aquela xícara de porcelana com cavalos em azul desenhados elegantemente pulando no próprio traço de seu corpo. O cheiro que o bule exalava na cozinha e aquele vapor subindo e penetrando as narinas, como pude abandonar isso? E por que o resto de pó concentrado na xícara está me encarando?

- Está uma delicia, obrigado pelo café e pela refeição - olhando para a cozinha no momento e ninguém lá.

Logo estava eu no pequeno sofá do saguão daquele pequeno hotel.... Hotel? Mas quinze minutos atrás não estava eu vendo a cozinha e copa de casa? Levantei daquele sofá e fitei o jornal sob as revistas, peguei o jornal tão rápido quanto meu batimento cardíaco estava naquele momento e uma moça logo se aproximou, cabelos curtos com as pontas mais claras de um loiro mel e uns olhos de calmaria contrastando uma olheira borrada de maquiagem.

- Eu não conheço você? - ela perguntou, levantando aquela voz de duvida e timidez
- Não sei você não me parece estranha, mas... - um dor inexplicável inicia como uma de ressaca após beber todas na noite passada - você não teria algum remédio para dor de cabeça?
- Não, eu não estou com minha bolsa - reparei naquele momento a roupa de festa ou a da noitada passada, um vestido vermelho carmesim com o contraste da pele branca e os sapatos pendurados na mão esquerda - apenas meu celular que está sem bateria, você não teria um carregador? Eu gostaria de dar uma carga e depois ir embora daqui.
- Vou até meu quarto, se quiser me acompanhar... - apertando o jornal contra a perna, a noticia não é boa quando você se vê na capa não é mesmo?

Seguimos então passando pelo corredor onde tomei meu café da manhã, porém não me recordava dele estar naquele lugar, e não estava mais. Um salão se projetava a frente, porém era o quarto 19 que o chaveiro em meu bolso pedia para entrar. O clique da fechadura mostrava a cama desarrumada, e dois pares de mala ao pé da cama. Eu encontrei o carregador e deixei ela ficar a vontade, enquanto no banheiro ia a noticia do jornal:

"Casal desaparecido!" Uma foto minha e da moça que estava sentada na minha cama, quem é ela? namorada, esposa? A noticia continuava: Casal famoso por aventuras e exploração desaparecem na noite na qual mostrariam uma grande descoberta, os curadores resolveram cancelar o evento.

- POR QUE EU NÃO SEI QUEM É VOCÊ?! - abrindo a porta desesperada mostrando uma foto nossa em nosso casamento... "Qual o seu nome? Qual o meu?!.... Por que eu acordei na minha antiga casa e por que estamos nesse quarto igual dessa foto!?

As perguntas eram feitas, as respostas... não encontradas.... o jornal apenas mostrava a noticia e vários classificados, sem nomes e lugares. a ultima página um quadrado negro. Ela havia deitado, eu tomei posse do celular que estava sob a cama. AS fotos eram nossas, felizes casados contentes, agora perdidos sem se quer saber nossos nomes. Os videos deve ter nossos nomes! Imediatamente fui para as gravações apenas um vídeo, e assim comecei a assisti-lo.

Uma voz feminina, porém rouca da idade, começava a falar do grande dia e da descoberta que iria revolucionar a história das civilizações, um objeto sob um pedestal coberto, era uma estatueta, isso eu lembro! A velha perguntará se havia somente nós três na sala, eu havia respondido que sim, quando ela disse nossos nomes um chiado emitiu do vídeo, tão alto que acordou a minha acompanhante e meus tímpanos zuniram. Ela disse que havia visto uma quarta pessoa na sala.

Não havia ninguém apenas uma grande sombra projetada pela estatua e o foco de luz recém ligado pela senhora.

- Senhora Baltimore você está se assustando com a sombra de uma pequena estatua...
- Querido - minha esposa estava com a gravação no momento -  A sombra está viva!!!!

E assim que olhei para a parede, como braços projetando uma figura disforme... e a gravação acaba...
A mulher ao lado da minha cama segura tão forte meu braço e tenta esconder a face, e com razão, por que a estátua, está na nossa frente e a sombra dela esboça um sorriso na parede?

O café deve estar pronto assim como os pássaros cantam numa manhã que não me recordo de ter acordado tão cedo, e por que estou em casa e a unica coisa que me passa é lembrar de um sorriso escuro na noite passada? Uma moça e um celular mais tarde... já não vi isso antes?
Satírico momento ao ver aquela sombra na parede, que decidi expor minha racionalidade instantânea sem medir as consequências que poderia ocorrer naquele momento, era apenas exuberantemente singular, a parede não negava...

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